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Térèze: Cozinha contemporânea, técnica francesa, chef uruguaio e ingredientes brasileiros no restaurante mais especial do bairro de Santa Teresa

Peixe do dia com purê de couve-flor, legumes, PANCs e tinta de lula. Ótimos ingredientes e apresentação linda neste restaurante com vista para Santa Teresa e o centro do Rio de Janeiro. Imagem: Shoichi Iwashita

Sempre considerei o Térèze o endereço gastronômico nas minhas incursões ao bairro histórico de Santa Teresa no Rio de Janeiro (já que, tirando o Aprazível, não são tantas opções de restaurantes assim por lá), seja para começar o dia tomando o café da manhã aberto para não-hóspedes antes de passear pelo bairro (R$ 110 por pessoa, já com os 13% de serviço, mediante reserva), almoçar com aquela vista (e o melhor: o restaurante fica aberto o dia todo, não fecha entre almoço e jantar), ou, pelo menos, tomar um drinque no Bar dos Descasados no fim da tarde, o bar vizinho ao restaurante, que abre às 17h e também faz parte do hotel MGallery Santa Teresa. Mas nas últimas vezes que tinha ido, cada hora era um chef diferente… o que nunca é esperado de um bom restaurante, pela falta de consistência que acaba sendo resultado disso ao longo do tempo.

Mas o reforço da rede Accor — em 2016, o hotel Santa Teresa se transformou no primeiro hotel MGallery do Brasil, a marca de hotéis boutique da gigantesca rede de hotelaria francesa —, que envolveu a chegada do chef uruguaio Esteban Mateu em 2017, faz do Térèze hoje uma opção imperdível de restauração na Cidade Maravilhosa por vários quesitos: localização, ambiente, comida, e, principalmente, proposta. Mesmo se você estiver hospedado em outro bairro, vale se deslocar para vir comer aqui.

TÉRÈZE: UM RESTAURANTE QUASE PERFEITO

O salão é intimista e eu adoro esses janelões com vista. Imagem: Shoichi Iwashita

Pamonha crocante com raízes, tomate, azedinha e alho assado, parte do menu-degustação servido no jantar, com a opção de ser harmonizado com vinhos. Imagem: Shoichi Iwashita

Bolo de aipim, doce de leite, cumaru, sorbet de maracujá, simples, mas uma das melhores sobremesas dos últimos meses. Imagem: Shoichi Iwashita

Além de estar no coração de Santa Teresa e dentro do hotel que oferece uma das experiências de hospedagem mais autênticas do Rio de Janeiro, o chef segue a cartilha que a gente aprecia: o uso de ingredientes locais (as PANCS, plantas alimentícias não convencionais, por exemplo, vêm da Organicidade, uma horta a dois minutos a pé do hotel); o trabalho com sabores brasileiros em pratos bem executados (pense em uma pamonha crocante com tomate, alho e raízes de entrada, ou ainda um bolo de aipim com doce de leite, cumaru e sorbet de maracujá, uma das sobremesas mais incríveis que provei nos últimos tempos); com cardápio enxuto, o que garante maior qualidade dos pratos (sempre desconfie de restaurantes com cardápios muito longos e fixos, que não respeitam a sazonalidade dos ingredientes); e a possibilidade de se fazer um menu-degustação com cinco tempos a R$ 205 (harmonizado com vinhos a R$ 285, já com os 13% de serviço inclusos) no jantar.

Minha única ressalva é que o Térèze não é um restaurante para vegetarianos e veganos, essa tendência da gastronomia tão importante para o meio ambiente. Das seis entradas, há três opções vegetarianas e apenas uma vegana; dos sete pratos principais, apenas o ravióli da floresta (com milho, cogumelos, cebola e azeite verde) é livre de carne…

A estética é outro ponto de destaque do Térèze, seja na apresentação dos pratos (veja as fotos), servidos em cerâmicas e vidros encomendados de designers de Santa Teresa (adorei o pão servido no “trilho” que faz alusão ao bondinho e a manteiga servida numa placa que lembra os paralelepídos das ruas do bairro), seja no salão com chão de cimento queimado, móveis feitos com madeira reciclada e amplas janelas com vista para os jardins do hotel e o casario do bairro (gosto também da mistura entre o listrado preto e branco das cortinas com o vermelho das luminárias e dos copos de água).

SERVIÇO

A entrada do restaurante, que fica um piso abaixo da piscina do hotel e tem entrada exclusiva pela Rua Felício dos Santos. Imagem: Shoichi Iwashita

O Térèze fica dentro do MGallery Santa Teresa e tem entrada pela rua de trás, a Felício dos Santos, sem número, na altura da Rua Constante Jardim. Todos os dias, abre para café da manhã (também para não-hóspedes mediante reserva) das 7h às 10h30, e almoço e jantar, das 12h às 23h (perfeito para um late lunch). O telefone para informações e reservas é 55 21 / 3380-0200, e eles também atendem por Whatsapp através do número 55 21 / 99772-4524.

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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