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Sobrevivendo de táxi no Rio

Se você não é paranoico com segurança e não precisa de carro blindado e motorista para andar pelo Rio (principalmente porque a gente acaba ficando apenas em Ipanema-Leblon, com algumas incursões pelo Centro, por conta de arte e história, e pela Gávea e Jardim Botânico, pelos restaurantes), já no Aeroporto Santos Dumont, pode se dirigir à uma das extremidades do aeroporto (à direita, saindo do portão de desembarque) e procurar pela fila – sempre presente – dos táxis comuns, os amarelinhos com faixa azul. Se alguém te abordar te oferecendo transporte – em qualquer lugar do mundo tenho medo dessas pessoas; sempre imagino que são traficantes de rins –, principalmente se você se dirigir a qualquer outra saída do aeroporto que não seja a saída dos táxis, diga em alto e bom tom que você está procurando pela “fila dos táxis comuns (os taxistas que te veem em qualquer ponto querem furar a fila dos próprios taxistas, seus companheiros, olha só, e pegar passageiros antes dos outros motoristas que estão na fila). Seja civilizado, vá até a fila e aguarde sua vez. O Rio seria muito melhor sem essa esperteza. Uma corrida do Aeroporto Santos Dumont até Ipanema pode custar no amarelinho de R$ 20 a, no máximo, R$ 30 (com a bandeira 2, de dezembro, pegando um pouco de engarrafamento – que pode ser uma batida no Flamengo – e indo até o fim de Ipanema, quase Leblon). Se você fechar com uma das companhias de táxi especiais que possuem balcões dentro da área de passageiros, a mesma corrida vai custar R$ 54, mesmo que você vá ao Fasano (que fica bem no começo de Ipanema), sem trânsito e durante o dia. Portanto, não vá já fechando com os guichês de táxi que ficam no interior da área de desembarque. É, no mínimo, o dobro do preço.

DENTRO DO TÁXI
Já no táxi, é sempre bom saber algumas referências do endereço para onde se está indo (ou então, coloque o endereço no Google Maps ou Waze e já mostre para o taxista). Parecer um estrangeiro que conhece bem a cidade ajuda a não ser enganado pelo motorista (mesmo que você não saiba qual o melhor caminho para se chegar aos lugares). O percurso do aeroporto à Zona Sul é sempre um dos momentos mais incríveis da chegada à Cidade Maravilhosa. Se estiver indo à Ipanema, você tem duas opções de camiho: 1) ir pela orla, percorrendo a praia de Copacabana inteira até chegar em Ipanema (válido para quando você estiver indo em qualquer rua que fica no começo de Ipanema e para quando você não estiver com pressa e quiser curtir a paisagem); ou 2) ir por dentro, pela rua Tonelero, passando pelo Cantagalo e Lagoa para chegar em Ipanema (caminho perfeito e mais rápido – com muito menos faróis – para chegar à metade ou fim de Ipanema/Leblon). Pronto, com essas informações, o taxista se impressionará com o seu conhecimento. ;- )

Infelizmente, a organização e a comunicação não é o forte dos taxistas do Rio. Muitos táxis nãos possuem informativos com preço da bandeira ou do quilômetro rodado, horários das bandeiras 1 e 2 e, mesmo os táxis que têm o papel colado no vidro do carro, não informam que durante o mês de dezembro, por exemplo, seja durante o dia ou noite, todos os táxis rodam com bandeira 2 – e o taxista não está dando uma de esperto ao fazer isso com você (a Prefeitura aprovou essa resolução como forma de gratificar os motoristas de táxi, que não ganham décimo terceiro). Agora, você já sabe. Mas os motoristas bem que deviam informar a prática ao passageiro logo no embarque.

Se for ainda mais desconfiado – como eu –, ligue o Google Maps do telefone e acompanhe live o caminho que o taxista está fazendo. Além de acompanhar as direções do taxista, é uma ótima maneira de saber quando você está passando pela Praia do Flamengo e quando começa Botafogo.

À NOITE, CARNAVAL, RÉVEILLON
É quando você vai conhecer o pior lado do ser humano e vai se arrepender amargamente por não ter pedido para o concierge um carro exclusivo e confortável para te levar e buscar anytime-anywhere. Não importa o que diga a lei. Nesses momentos de exceção, o que conta é a esperteza do taxista, que vai cobrar o quanto ele quiser; isso quando você conseguir encontrar um táxi para aceitar qualquer condição que ele te imponha. Porque você tem reserva no Terèse em Santa Teresa, ou quer encontrar seus amigos no Bloco das Carmelitas, ou simplesmente está exausto e você só quer sua cama. Mas, faz parte da experiência. Prepare-se.

Ah, outra coisa: eles correm. MUITO.

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

Paulo Silva disse:

É importante informar que o sistema aplicado na profissão de taxista no Brasil é mercantil e escravocrata, muito diferente das outras que tem por base a educação. 70% dos taxis da cidade do RJ são alugados e em NY 90%. Taxistas dos amarelinhos cariocas recebem 200% a menos que os europeus, 80% menos que os de Teresópolis, Búzios, Brasília, 50% menos que os de SP. Tudo está equivocado nesta profissão, desde não haver nível de formação profissional, não haver o conselho federal ebo regional para autorizar aqueles que concluirem o curso de formação. O melhor taxista do planeta estuda anos em curso de formação, nivel superior, de alguns anos na Inglaterra. Assista no YouTube Profissão de Taxista no Brasil e Projeto 1 da Ordem dos Taxistas do Brasil, saberá mais informações.
Paulo Silva, exclusive taxi drive service Taxi In Rio e membro da Ordem dos Taxistas do Brasil.

Obrigado pelo comentário e pelos esclarecimentos, Paulo. Pois é, os taxistas – de quem todos os turistas dependem quando em viagem – precisam de treinamento e tratar bem aqueles que chegam à sua cidade. O que acontece no Rio, cidade que eu amo, é muito triste. Já passei muitos apuros por lá. Mas, espero que vocês se organizem e consigam melhorar essa realidade. Abraço e obrigado mais uma vez. :- )

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