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Seychelles, ilha La Digue: A praia que é um dos grandes motivos da sua viagem ao arquipélago está aqui

A primeiríssima coisa a fazer ao chegar de balsa (que aqui eles chamam de jetty ) nesta ilha que só recentemente passou a ter carros é alugar sua bicicleta, que será o seu meio de transporte na ilha (há vinte anos, os únicos meios de transporte eram a bicicleta e as charretes puxadas por bois, que existem até hoje, mas que eu não gosto nem de ver por pena dos bois, ali, puxando aqueles turistas debaixo do sol). E a conversa que eu tive com a atendente da locadora de bicicletas reflete bem o espírito de La Digue. “Quanto custa o aluguel?” “150 rupees para um dia todo ou 100  rupees por dia se você alugar mais de um dia.” “Ó, aqui o meu passaporte.” “Ah, não precisa não.”… (Escolho a bicicleta.) “Onde fica o cadeado?” “Não tem não.” “Mas e se alguém levar a bicicleta?” “Você avisa e a gente encontra, não tem problema.” #ComoNãoAmar? La Digue é a ilha mais charmosa e mais low-profile  das Seychelles — das ilhas habitadas é a mais difícil de se chegar — e também abriga a praia que, por si só, vale todo o esforço: a Anse Source d’Argent (foto acima), com seus granitos gigantescos, esculpidos por milhões de anos pelas águas e pelos ventos, escorados uns nos outros (fico imaginando quem foi o Golias que os encaixou daquele jeito), que fazem uma composição quase divina com a areia branca, a água de todos os tons de azul, do transparente ao azul-turquesa, e o sol sempre presente, que torna tudo ainda mais lindo quando ele se despede todos os dias.

seychelles-la-digue-anse-source-dargent-o-que-fazer-como-chegar-dicas-praia-mais-linda-do-mundo-1200-5La Digue é um destino em que os grupos de excursão vêm apenas passar o dia, que é o que você NÃO VAI fazer (passe, no mínimo, duas noites aqui, porque, de verdade, La Digue é única no mundo; muito especial, e, longe que é, não é daqueles destinos que dá para ir passar o fim de semana). Portanto, vá para as praias — como Anse Source d’Argent e Grande Anse (foto acima), entre outras que você só consegue chegar com a ajuda de um guia; leia mais abaixo — mais de uma vez, em diferentes horários (de preferência, de manhã cedo e no fim da tarde; os grupos começam a chegar lá pelas 10h30 da manhã, porque eles vêm de balsa ou de Mahé ou de Praslin), para aproveitar esses cenários paradisíacos de forma tranquila e contemplativa, como eles merecem ser aproveitados.

COMO CHEGAR A LA DIGUE

seychelles-praslin-guia-guide-vallee-de-mai-anse-lazio-praia-mais-linda-do-mundo-dicas-o-que-fazer-1200-14Diferentemente de Praslin {leia o nosso guia de Praslin, clicando aqui}, La Digue não tem aeroporto. O único jeito de se chegar aqui é por mar, com os jettys  (os catamarãs, foto acima), que saem de Mahé, param em Praslin, e prosseguem viagem para La Digue; um trajeto que dura, com a parada em Praslin, 90 minutos e custa aproximadamente € 70, a passagem de ida a partir de Mahé, e € 30, de Praslin. {Para mais informações sobre os trajetos e horários dos jetties, clique aqui.}

COMO SE LOCOMOVER NA ILHA

seychelles-la-digue-anse-source-dargent-o-que-fazer-como-chegar-dicas-praia-mais-linda-do-mundo-1200-3seychelles-la-digue-anse-source-dargent-o-que-fazer-como-chegar-dicas-praia-mais-linda-do-mundo-1200-4seychelles-la-digue-anse-source-dargent-o-que-fazer-como-chegar-dicas-praia-mais-linda-do-mundo-1200-8Eu imagino que, quando não havia carros (muita gente lá fala com nostalgia dessa época), La Digue só era acessível a jovens saudáveis com disposição para andar de bicicleta e fazer trilhas. Mas hoje, a não ser que você queira visitar as praias mais secretas acessíveis só a pé e na companhia de um guia qualificado, você pode fazer as rotas tanto de bicicleta (só tem umas subidas íngremes em que a gente é obrigado a descer da bicicleta e subir caminhando) quanto com um táxi, que pode te levar para descobrir as paisagens da ilha. E é em La Passe, a região onde estão os jetties  e o escritório de turismo de La Digue, que você irá encontrar as duas locadoras de bicicleta da ilha (a Michelin e a Tati’s, onde eu aluguei a minha para os dias em que fiquei lá) e o ponto de táxi. E faça TODAS as rotas: grande parte das estradinhas são super bem construídas, bem sinalizadas e permitem explorar grande parte da ilha (tem também as partes de areia, e cuidado ao passar com a bicicleta sobre uma “poça” de areia fofa: a bicicleta derrapa lindamente). De La Passe a Grande Anse (uma praia selvagem e belíssima), no outro lado da ilha, você vai levar, no máximo, 30 minutos. As praias do norte não são tão lindas quanto a Grand Anse ou a Anse Source d’Argent (esta última é tão surreal que seria uma injustiça fazer qualquer comparação), mas a rota é uma delícia de ser feita, com vistas lindas (fotos acima). Eu ficava o dia todo com a bicicleta indo e voltando, explorando tudo, parando para conhecer as praias no caminho; para acompanhar as crianças indo e saindo da escola, a maioria com suas bicicletas; para contemplar o cemitério todo colorido; para ver de perto as tartarugas gigantes que ficam soltas pela ilha (sou totalmente contra todas as tartarugas que ficam presas em praticamente todos os hotéis de luxo nas Seychelles; só aqui em La Digue eu as vi soltas, na natureza). Só tive de lidar com os glúteos doloridos no fim do dia por ficar tanto tempo sobre o selim.

ONDE SE HOSPEDAR

seychelles-la-digue-anse-source-dargent-o-que-fazer-como-chegar-dicas-praia-mais-linda-do-mundo-1200-12Em La Digue, não há hotéis de luxo como em Mahé ou em Praslin. Mas tem três bons hotéis, todos com acesso direto à praia e possibilidade de se hospedar com meia-pensão (café da manhã e jantar inclusos na diária): 1. Le Domaine de l’Orangerie, ao norte de La Passe, com 63 villas  charmosas (e extremamente espaçosas, todas com 100 metros quadrados), spa, piscina e acesso à praia (não muito bonita, se comparada com as outras praias de La Digue), com diárias a partir de € 550; 2. Le Repaire, uma casa com jardim e apenas nove quartos de 32 metros quadrados com um trabalho impecável de marcenaria — os donos são italianos —, com restaurante e acesso a uma prainha, com diárias a partir de € 235; e 3. La Digue Island Lodge, que parece um vilarejo com ruelas e 45 chalés no jardim ou a 10 metros da areia da praia (foto acima), piscina espaçosa com bar, restaurante, e é o hotel mais próximo da Anse Source d’Argent (10 minutos de bicicleta); diárias a partir de € 330 (mas, geralmente, eles pedem um mínimo de duas noites).

AS PRAIAS

seychelles-la-digue-anse-source-dargent-o-que-fazer-como-chegar-dicas-praia-mais-linda-do-mundo-1200-2Confesso que fiquei um pouco decepcionado com o contexto da praia em Anse Source d’Argent, que é o grande motivo pelo qual todo mundo vem a La Digue. Se para chegar à Grand Anse, a gente se sente um explorador, indo de bike  pela trilha, mapa em mãos, até chegar à praia e se maravilhar com a paisagem intocada pelo homem, a Anse Source d’Argent fica dentro de um parque feito para turistas, o L’Union State, cheio de “atrações”, como uma casa colonial da época das plantations, uma fábrica artesanal de copra (a polpa seca do coco do qual se extrai o óleo, que eles tentam te vender), um cemitério antigo, plantação de baunilha, tartarugas gigantes (presas), e que cobra 100 rupees  pelo ingresso (mas você pode voltar quantas vezes quiser no mesmo dia). Tanto é que, com o mapa, passei duas vezes em frente à entrada do parque, procurando pela Source d’Argent (sabendo que ela estava por ali) e só quando parei para perguntar na bilheteria é que fui informado de que a praia estava lá dentro. E aí tem o horário: como fui na hora do almoço, a praia estava cheia de gente, mais fazendo selfies  que curtindo, e é exatamente por isso que é preciso passar mais de um dia em La Digue;  os turistas que lotam as praias mais lindas vêm apenas passar o dia e se você vier no começo da manhã e no fim da tarde (o parque abre das 7h às 17h), você vai conseguir ter uma experiência completamente diferente, e linda; principalmente no pôr do sol, quando as praias estão praticamente desertas. Na rota ao norte da ilha, não deixe de parar a bicicleta e descer as escadas que te levam à Anse Patate (foto acima), uma praia bem pequena, um cantinho na verdade, cheia de granitos e água linda.

ONDE COMER

seychelles-la-digue-anse-source-dargent-o-que-fazer-como-chegar-dicas-praia-mais-linda-do-mundo-1200-11A logística para que a comida chegue em todas as Seychelles é complicada (a maior parte dos alimentos, mesmo em Mahé, vem de Dubai; por isso, a companhia faz dois voos diários em aviões grandes, que nunca estão lotados com passageiros). E em La Digue, pela distância, é ainda mais. Por isso, não espere grande refeições (mesmo a um custo alto, já que tudo é importado) e foque nos peixes e frutos do mar. Uma boa opção é o Fish Trap (foto acima), que fica em La Passe, ao lado da marina, que conta com um salão bem agradável e bem decorado, mesas no terraço, mesas na areia (só não espere uma praia de verdade), espreguiçadeiras, ducha, e que fica abre todos os dias, o dia todo, das 7h30 às 23h. E aí, você tem os restaurantes dos três hotéis indicados acima, para os quais é preciso ligar e verificar a disponibilidade para não-hóspedes. Querendo algo diferente (eu adoro a comida créole  e curry, mas já estava comendo quase todos os dias) fui jantar no restaurante italiano do hotel Repaire, numa deliciosa mesa no jardim, para comer uma salada Caprese e uma pizza. Apesar do chef  italiano, não espere encontrar a muçarela de búfala (vem a comum) e uma pizza deliciosa (não sei a qualidade de farinha que chega aqui, mas não deve ser muito boa). O Repaire fica aberto entre as 12h30 e as 23h é uma ótima opção para drinques no fim da tarde. O hotel La Digue Island Lodge também tem o restaurante La Veuve, que só abre para jantar e tem vista para o mar. E para tomar uma Eku ou uma Seybrew (que são as cervejas seychellois) com belisquetes, como um fish & chips, tem o restaurante do Chez Marston, em La Passe, cujo dono é uma instituição na ilha e é frequentado por locais de Praslin e de Mahé quando estão aqui. Todos os lugares citados aqui ficam na mesma “avenida” e você não terá o menor problema em encontrá-los.

O QUE LEVAR NA MALA

seychelles-la-digue-anse-source-dargent-o-que-fazer-como-chegar-dicas-praia-mais-linda-do-mundo-1200-1Além da máquina fotográfica, da sapatilha para a praia (aqui também, as praias são cheias de corais que machucam muito os pés) e dos goggles  para snorkeling, é bom trazer uma lanterna para andar de bicicleta à noite. Assim como acontece em Trancoso, os postes de iluminação públicos são escassos. Na foto, a minha bike alugada na Tati’s descansando enquanto eu estava na praia Anse Severe, em La Digue. 

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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