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Roberta Sudbrack

Roberta Sudbrack é um restaurante difícil, de sensações mistas. Não dá pra não valorizar o seu trabalho de resgate de ingredientes brasileiros pouco admirados pela gastronomia como jiló, quiabo, chuchu, inhame, fruta pão, abóbora, ou a técnica apurada que aplica sobre os ingredientes (o peixe estará no ponto perfeito, a gema caipira virá impecável no prato, o pãozinho é delicioso e vem fumegando de quente, a sobremesa é sempre um dos pontos altos…), ou ainda sua criatividade na combinação dos sabores. Mas, a experiência em geral, pelo preço que se cobra, deixa bastante a desejar.

A começar pelo ambiente. O restaurante fica instalado numa casa bem pouco charmosa numa agitada rua do Jardim Botânico (às vezes, bastante barulhenta); a decoração é rústica (rústica, não rústica-cool) com madeiras de demolição, pedras aparentes, mesas sem toalhas; e a distribuição dos ambientes (bar-balcão e dois níveis no primeiro andar + segundo andar) não ajuda (e sempre reserve mesa, o balcão não é nada agradável). Mas o grande problema – assim como em outros estabelecimentos da cidade – é o serviço: demorado (pratos que levam vinte, trinta minutos para chegar) e desatencioso (não explicam os pratos e, quando perguntados sobre os ingredientes e os pratos, não sabem responder com segurança). (Também não entendo a necessidade de se colocar todos os talheres na mesa num restaurante que tem staff suficiente para trazer os talheres conforme vão vindo os pratos. Tem hora que tem DOZE talheres na sua frente.)

Para os apaixonados por comida, ainda mais sendo a Roberta Sudbrack uma das chefs  mais criativas do país, vale uma visita. Não tem cardápio, eles só servem menu-degustação (três opções com três, cinco e nove pratos, R$ 195, R$ 260, R$ 330, respectivamente), e o menu do dia é definido de acordo com os ingredientes disponíveis. “Quem define o peixe do dia é o mar e o pescador”, diz Roberta.

Mas é um tipo de cozinha que agrada mais aqueles que levam comida a sério, que estudam, pesquisam e vão conseguir entender e ir um pouco mais à fundo na proposta e no trabalho de pesquisa de Roberta. Para aqueles que querem pagar caro e ter um jantar impecável, vá apenas para pagar caro e provar as criações da chef.

E atenção: eles só aceitam cartão de crédito Mastercard.

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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