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Monograma LV não é couro

Já me peguei várias vezes explicando — para amigos, para agentes da polícia federal e até para vendedores da Daslu — que a mítica toile  Monogram ou Damier da Louis Vuitton não é couro. Mas fiquei impressionado num jantar em Paris, uma vez, quando uma elegante francesa me disse que, sim, era couro (e até me fez tocar sua bolsa Speedy para sentir a “textura”; e olha que eles crescem vendo bolsas LV em tudo o que é canto, na rua, no metrô…). Toquei, tentei explicar, mas quando ela começou a se sentir ofendida, acabei respondendo n’importe quoi  e mudando de assunto.

Uma das razões pelas quais as pessoas pensam que as bolsas em lona (isso mesmo, lona!) são de couro é o alto preço dos produtos da marca. Mas, se você comparar os modelos são produzidas em toiles (que podem ser Monogram ou Damier) com as peças produzidas com couro (Epi, Taïga, Nomade, ou qualquer outra nova invenção de Nicolas Ghesquière), verá que os modelos em couro custam de 30% a 200% a mais do que as peças em lona.

POR QUE AS PEÇAS COM LONA SÃO CARAS?
Além das malas rígidas (que eram práticas, já que podiam ser empilhadas), a grande invenção de Monsieur Louis Vuitton, lá nos idos de 1850, foi essa lona, feita de algodão, com um acabamento resistente e impermeável. Um material muito mais adequado para a dura vida das bagagens durante as viagens. E patenteado pela maison.

Mas, a toile  não era essa que conhecemos tão bem hoje. A primeira versão era cinza, a segunda era listrada em duas cores, depois, em 1888, veio a Damier (um quadriculado bicolor que a Louis Vuitton relançou em 1996), e foi só em 1896, mais de 40 anos depois da fundação da maison, que Georges Vuitton, filho de Louis, criou a emblemática toile Monogram… que não podia ser utilizada nas bolsas mais moles (como a Keepal, lançada em 1924), já que era muito dura e pensada apenas para as malas rígidas.

E é com Gaston-Louis, representante da terceira geração da família e um amante das novas tecnologias, que a maison  investe em pesquisa e finalmente consegue imprimir o monograma da marca em um novo material adequado para bolsas maleáveis e fáceis de transportar (isso só se tornaria viável em 1959, já na quarta geração, com o filho de Gaston-Louis, Claude-Louis).

É por toda essa história, essa tradição, aliada ao trabalho especializado e artesanal, utilizando apenas materiais de qualidade, que faz com que qualquer peça que ostente a marca Louis Vuitton tenha um valor alto para a maioria das pessoas (essa é a parte “oficial”… no preço das bolsas, assim como acontece com qualquer outro produto de luxo que investe em comunicação de massa, ao comprar uma bolsa LV, você também está pagando pelas campanhas nas principais revistas de moda, pelo cachê da Scarlett Johanson, pelo salário de Nicolas Ghesquière, pelo luxo das lojas nas avenidas mais caras do planeta, pelas lindas sacolas, e pelo décor, champagne e comida de todas as festas e desfiles promovidos pela marca)…

E ONDE VAI COURO?
A grande maioria dos produtos Louis Vuitton (com exceção de algumas pequenas peças) levam couro, ou melhor, tem uma parte em couro de vaca. Nas bolsas Monogram, o couro pode ser reconhecido pela cor clara que, por serem naturais, sem tingimento, escurecem com o tempo. Já na Damier, o couro utilizado é tingido de marrom e não sofre alterações de cor com o tempo (a não ser na linha Damier Azur, que leva couro natural).

AS LINHAS 100% COURO
Para as coleções masculinas, são seis os tipos e estilos de couro que a Louis Vuitton utiliza em suas coleções: as bem antigas e lindas Taïga (em cores sóbrias usadas exclusivamente nas coleções masculinas) e Épi (couro prensado em várias cores; mais colorida que a Taïga), e as mais recentes Taurillon, Nomade, Damier Infini (couro super macio de bezerro com a aplicação do geometrismo Damier) e Utah (a mais despojada). As que a gente mais gosta em ordem de amor são: Taurillon, Nomade e Taïga. 

Já nas coleções femininas, além do tradicional Épi, o céu é limite para a criatividade: desde couro de bezerro até cobras, lagartos, avestruz, crocodilos; sozinhos ou tudo-junto-e-misturado.[nggallery id=90]

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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