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Cuordicrema

Uma sorveteria para adultos. Com menos gordura (os sorvetes mais gordurosos – com 9,5% de gordura – são os que levam chocolate, mas sorbetti  como pera – fantástico -, acerola, banana, abacaxi e laranja, cenoura e beterraba são 0%), muito menos açúcar que os dos concorrentes como Bacio di Latte e Casa Elli (na minha opinião, os mais doces, incluindo os sorbetti e granite; doçura que chega a atrapalhar o sabor das frutas), e oferecendo sabores como chocolate Satongo com sal rosa do Himalaia (o Satongo é um blend  de chocolate 72% da Callebaut com cacau de São Tomé, da Tanzânia e de Gana); Crema Fiorentina, uma receita da Florença do século 16 que leva creme de leite fresco, mel, cascas de laranja e limão, baunilha e pedacinhos de maçã e canela; ou do limão que vem do Lago di Garda, azedinho, com raspinhas da casca e um toque amargo no final (como se estivéssemos tomando um suco da fruta in natura), a Cuordicrema (assim mesmo, escreve-se tudo junto) tende a agradar paladares mais educados, mais maduros. (Sem falar no Amaretto, o meu sorvete preferido de todos os tempos. São 89 receitas, 18 sabores disponíveis diariamente de acordo com a disponibilidade dos ingredientes.)

Na casa charmosa no Itaim, toda branquinha, com área externa e “cozinha” à mostra (“noi lo facciamo di fronte a tutti” é o lema da Cuordicrema), assim como na Casa Elli, os sorvetes não ficam à mostra, mas armazenados em cilindros de aço — pozzetto, em italiano —, protegidos da luz e do ar, a doze graus negativos (“se ficar a menos quatorze graus, o gelato fica duro”, diz o sócio italiano do empreendimento Fábio Lampugnani). É bem menos atraente encontrar potes de aço em vez de cremes coloridos numa vitrine (e dificulta um pouco a escolha, já que a visão é um dos sentidos que aguçam o paladar). Mas se é para o bem do sorvete, fazer o quê, né?

Apesar de servir os gelati  em copinhos ou casquinhas, na Cuordicrema não tem como não pedir o sorvete na casquinha. Duas fontes de calda quente de chocolate belga (uma de chocolate ao leite com 32% de cacau e a outra com 72%, ambas Callebaut) preenchem as casquinhas antes de receberem os sorvetes. A parte que fica mais próxima ao sorvete endurece, mas a que fica no fundo fica esperando a mordida final para se revelar ainda morna e cremosa. Um belo fim para o sorvete perfeito.

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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