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17 coisas que você não sabe sobre Berlim

Victor Gouvea fala sobre as 17 coisas que você deveria saber sobre Berlim

Todo mundo já ouviu falar várias coisas sobre a poor-but-sexy  Berlim: a malha cicloviária é maravilhosa; é uma cidade multicultural e prafrentex; a cena artística, mais especificamente arte de rua, é uma das mais ricas do mundo; é o paraíso da comida orgânica, das jornadas de trabalho reduzidas, do lifestyle  mais tranquilo, menos consumista. Certo? Mas, completei um ano morando na capital da Alemanha e preparei uma listinha de 17 coisas (legais ou inúteis) que eu observei ao longo desse tempo e você provavelmente não sabe se não conhece bem a Berlinda ou se não morar nessa danadinha. Divirtam-se.

1. As sirenes das ambulâncias são ridiculamente altas. Tipo enlouquecedoramente  altas.

2. Existe um jogo involuntário nos supermercados, que eu chamo de “jogo do empacotamento” e grito “valendo!” por dentro assim que chega a minha vez. O caixa é o seu adversário e você precisa empacotar mais rápido do que ele passa as compras. Depois de meses  de treinamento,eu ando vencendo a maioria (com o dinheiro na mão, a hora de contar o troco é que eu ganho de virada).

3. Sim, pagando com dinheiro. Apesar de ser a capital, às vezes parece uma cidade do interior da Bavária do século 12. Quase lugar nenhum tem wi-fi, quase lugar nenhum aceita cartão, e aos domingos TUDO fecha (já passei fome em alguns domingos).

4. O muro circundava toda a parte capitalista. Então eram os berlinenses capitalistas os isolados, e não contrário (todos os produtos da sociedade de consumo só podiam chegar à Berlim ocidental de avião, no aeroporto Tempelhof, que foi desativado em 2008 e hoje é um parque).
Mapa da Alemanha e de Berlim Ocidental e Oriental

5. Prenzlauerberg é um bairro cheio de famílias com crianças, uma festa de carrinho de bebês e tem um zilhão de lugares pra eles brincarem, cafés especializados etc. É meio inesperado em uma cidade doida como Berlim e em um país de baixa natalidade como a Alemanha.

6. Falando em cidade doida: tem muita gente doida mesmo. Muita. De verdade. De chinês de vestido vermelho sem sobrancelha andando de costas a velhinho punk. Mas também tem muito doido wannabe. Sabe aquela pessoa que fica o tempo todo “olha como eu sou doido uhuuu  pintei meu cabelo uhuuu  fumei maconha”. Preguiça destas.

7. Há várias baladas onde você pode ter a entrada negada simplesmente por não parecer suficientemente cool. Na Berghain, o templo do techno, fui recusado quatro vezes e aceito seis. Tem que trabalhar a autoestima quando leva a bota, e aproveitar muito quando é aceito. A balada mais cara a que fui custa 15 euros — o que é bem tranquilo. #DoorPolicy

8. Metrô, trem, ônibus, bonde ou cipó, independentemente do meio de transporte: ninguém fala, sussurra; o silêncio é estrondoso. Ser brasileiro nessas horas te faz passar vergonha e receber olhares de julgamento.

9. Ainda rola uma rivalidadezinha boba tipo Rio — São Paulo entre quem era do lado leste e quem era do lado oeste da cidade.

10. Pode ficar pelado no parque, e o povo fica memo.

11. No inverno eles jogam umas pedrinhas bem pequenininhas quando neva pra evitar que as pessoas escorreguem. Você passa o resto do ano encontrando toda vez que limpa a casa.

12. Nos dias quentes as pessoas ficam enlouquecidas. Rola um surto coletivo pra aproveitar o calor, as ruas ficam cheias até bem tarde, e a agenda de eventos open air  é infinita. Dá pra ver o desespero  no olhar das pessoas. Pela primeira vez eu cansei de aproveitar a vida.

13. No teatro, o público não sabe a hora de parar de aplaudir. Eu fico com dor na mão, sério. E os atores voltam umas 5 vezes pra agradecer de novo, em grupo, individualmente, em grupo, individualmente, em grupo. Se a peça é boa ou ruim, tanto faz. É o equivalente germânico ao nosso aplauso de pé.

14. Nos cinemas de rede (Cinemark da vida), a metade da frente custa mais barato que a metade de trás. Todos os filmes são dublados em alemão, e rola meia hora de propaganda e trailer. M.E.I.A.H.O.R.A.

15) Tem umas privadas esquisitas que é muito difícil de explicar, eu falo que elas têm dois andares. Enquanto a nossa é inclinada pra tudo descer, aqui é reto. Então os dejetos caem lá, no seco, e a água empurra pro buraco (achei meio desagradável postar a foto aqui, mas dá um Google em “german toilet” pra ver o drama). Felizmente, não são todas assim.

16) Alemão é tudo educado e tals mas não dão lugar pra idoso. Nunca. Pode estar a velhinha caquética morrendo, UTI, que eles não se levantam. Nem tem lugar reservado no metrô e   tudo bem.

17) Você apanha pra entender a numeração das ruas no começo, mas depois é uma glória. Acompanhe: a minha casa é úmero 171. Meu vizinho de parede da esquerda é 170, e o vizinho de parede da direita 172, depois 173 e assim até o fim da rua. Na última casa a numeração pula pro outro lado, e continua até o começo. Então de um lado você vê número 12 e do outro lado 270. Parece louco mas faz sentido. Assim você sabe quão extensa é a via.

Quer se hospedar num hostel  em Berlim que reproduz o que era a vida e a decoração do que era a vida da Alemanha Oriental, ou DDR (Deutsche Demokratische Republik)? Confira a matéria sobre o Ostel (Ost é “leste” em alemão), clicando aqui.

Victor Gouvêa queria mesmo era ser herdeiro pra viajar o mundo sem precisar trabalhar. Como é um mortal, decidiu se formar em turismo e jornalismo para escrever sobre suas aventuras por aí. Colabora com publicações brasileiras de viagens como a revista TAM nas Nuvens, a Azul Magazine e a Folha de S.Paulo, e abriu “seu próprio lojinha” para falar exclusivamente sobre hospedagens interessantes, o Me Hospedaria.

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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