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O café da manhã perfeito

Quando o assunto é café da manhã, não há nada mais incrível no mundo  que nossos queridos chapeiros, personagens centrais das padarias paulistanas, essas instituições facilmente encontradas em cada esquina. Junto com gigantesca oferta de ingredientes, eles são rápidos e acessíveis, montam o sanduíche do jeito que a gente quiser (mais ou menos queijo ou manteiga, tomates cortados fininhos, “pode muçarela em vez de queijo prato?”, eu sempre pregunto), e junto com os sucos e vitaminas (o leite pode ser integral ou desnatado, com ou sem aveia) e o espresso  nosso de cada dia, fazem com que sejamos muito mimados e encontremos bastante dificuldade em ter a mesma atenção em cafés da manhã pelas ruas de cidades como Paris ou Nova York. {Leia sobre as padarias parisienses e não-café-da-manhã, clicando aqui.}

Mas é quando o assunto é ambiente e a qualidade — principalmente de pães e café (pois frequentar Paris e Nova York também nos deixa mal acostumados com suas baguettes  de crostas finas e crocantes e som inconfundível durante a mordida e espressi  e latti  tirados com perfeição) — é que a grande maioria de nossas padarias deixa a desejar.

Tem aqueles dias que a gente prefere tomar café da manhã em casa (por ser mais prático), na rua (por preguiça), tem vezes que a gente não se importa de comer qualquer coisa em qualquer padaria, mas também tem aqueles dias em que você quer ser servido num ambiente agradável, comer coisas variadas e bem feitas, bater papo, ver gente e ler o jornal, sem pressa. E é para esses dias que partimos encontrar locais que sejam uma mistura de serviço de padaria paulistana com pães de boulangerie  francesa e ambiente de charme de um café em Londres ou Nova York.

O CAFÉ DA MANHÃ PERFEITO
Cada nacionalidade tem seus costumes quando o assunto é a primeira refeição do dia. Japoneses comem arroz, nori, peixe grelhado e misoshiru; ingleses comem ovos, feijão, bacon, cogumelos, batata, tomates; franceses se satisfazem com uma baguette  com manteiga ou geleia ou um croissant  ou pain au chocolat  acompanhado de um café au lait; e nós, brasileiros, gostamos de pão, manteiga, cereais, iogurte, frutas frescas (e sucos), queijo e café. Por isso, sendo a Simonde um veículo brasileiro, nos atemos aos nossos hábitos.

O SERVIÇO
O serviço tem de  ser RÁPIDO. Tem gente que não se importa de ficar bastante tempo. Tem gente que gosta de comer rápido e sair para aproveitar o dia. Quem deve ditar o tempo que se passa na padaria é o cliente e não a demora do serviço. Na Julice Boulangère em São Paulo, por exemplo, que é das padarias que a gente indica que se compre os pães — que são incríveis — e se coma em casa, você pode esperar até 25 minutos para uma tartine  de muçarela de búfala chegar — fria — à mesa (mais dez minutos para aquecerem). Isso porque no dia em que isso aconteceu isso só tinha duas mesas ocupadas e não sei quantos funcionários. O café da manhã que era para ter durado 30 minutos, durou uma hora e meia. E já comecei o dia irritado com o péssimo serviço.

EQUILÍBRIO NOS INGREDIENTES
Gostamos de variedade. É importante ter “doses” de carboidrato  (através de pães e croissants  incríveis e cereais feitos artesanalmente, sem aditivos químicos), proteína (queijos diversos como brancos e amarelos, ovos, iogurte), gordura (manteiga francesa; não há nada que se compare a elas), vitaminas (sucos feitos na hora e frutas frescas), por que não um pouco de açúcar (geleias, um pain au chocolat  ou até um cheesecake) e, muito importante: um bom café, espresso  e coado (eu prefiro café coado de manhã).

HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO
Padarias não deveriam fechar NUNCA. Mas, precisamos nos programar para os diferentes horários de funcionamento dos nossos lugares preferidos na cidade. Em São Paulo, a Marie-Madeleine fecha nas segundas, a Julice fecha nos domingos, já a Padoca do Maní abre todos os dias, felizmente, mas fecha às 14h nos finais de semana.

ESTACIONAMENTO
Esse é um ponto crítico das padarias que a gente gosta. Se você chegar pela manhã na Padoca do Maní (quando os restaurantes ainda estão fechados para almoço e seus manobristas ainda não estão trabalhando), você vai ter sérios problemas para parar o carro: não tem serviço de manobrista, não tem estacionamento na região (a estação de metrô mais próxima é a Fradique Coutinho, a 700 metros), é proibido parar o carro na movimentada rua e, nas ruas adjacentes, as vagas são concorridas. Parar o carro é um motivo de estresse já na chegada. Na Julice, a gente sempre acaba perdendo o estacionamento próximo e conveniado (pois fica antes na rua), e quando para no supermercado, são R$ 30 a primeira hora. Na Marie-Madeleine, é impossível parar na rua, tem um estacionamento particular ao lado, que não tem acordo com a Marie. Então, mesmo que você deixe o carro só por cinco minutos, só pra comprar o pão, vai gastar R$ 15 (o que deixa “o pãozinho” ainda  mais caro). Por isso, os melhores meios de transporte são o táxi e a bicicleta ou ter a sorte de morar ao lado dessas belas padarias.

SHOPPING? NO, THANKS
A não ser que a gente esteja indo assistir a um filme no cinema, a gente não sai de casa para comer em shopping.

ÚNICO E INDEPENDENTE É MAIS LEGAL
E se for único, sem a pretensão de se transformar em franquia municipal, estadual, internacional, mais legal ainda.

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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