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Boxes do Instituto Atá no Mercado de Pinheiros: ingredientes especiais do Brasil agora acessíveis aos paulistanos

O ótimo do Mercado de Pinheiros, um dos quinze mercados municipais de São Paulo, é que além de servir como ponto de abastecimento para quem mora na região, ele também está acessível para turistas  de outras partes da cidade, já que está a uma quadra da estação de metrô Faria Lima. Ou seja, perfeito para quem quiser provar os excelentes cebiches  e empanadas da Comedoria Gonzales, os dadinhos de tapioca ou o sorvete de rapadura do Mocotó Café (ir à Vila Medeiros, só quando quiser a experiência completa), ou comprar os brasileiríssimos ingredientes de origem que o Instituto Atá, ONG do chef  Alex Atala, junto com várias entidades, traz de inúmeros pequenos produtores Brasil afora, com quatro boxes no Mercado, representado os biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pampas. (No mercado, também dá para comprar frutas, legumes, cereais, peixes, frios e laticínios; tem até uma tabacaria old-school  que vende fumo de rolo!)

O lugar é um sonho para chefs  de todo o mundo (ótimo para abastecer a mala na hora de levar presentes para amigos no exterior): tem geleia de priprioca (uma erva da Amazônia que lembra baunilha); tem mel de abelhas selvagens colhidas por índios do Xingu (norte do Mato Grosso) e mel branco de Cambará do Sul (dos Pampas); tem a pimenta usada há milênios pela tribo Baniwa (tipo jiquitaia); tem xarope de cambuci (fruta da Mata Atlântica); tem farinhas do cerrado (jatobá, babaçu, buriti); e, claro, tapioca, tucupi, maniva, erva-mate e rapadura, entre 600 produtos oriundos de pequenos produtores disponíveis para venda nos boxes localizados no térreo do mercado. Ingredientes que já são utilizados por alguns chefs  em restaurantes gastronômicos da cidade, agora acessíveis para o público.

Tem gente que torce o nariz para essas iniciativas sustentáveis por acreditar que dificilmente as coisas melhoram, que o mundo está perdido. Tem também o fato de que é notável a distância de “estilo” entre os boxes novos (de design, parecem lojas de shopping ) e os antigos, boxes de mercado de verdade, aqueles que a gente vê em mercados do mundo todo. Mas quando você vê a história de superação das famílias por trás de projetos como esse do Instituo Atá ou da FAF (do Isso É Café), de valorizar o pequeno produtor através da criação de um mercado consumidor para que essas tradições não se percam em detrimento de outras atividades inicialmente mais lucrativas — e mais nocivas à natureza —, como produtores de cafés excelentes que pensaram em plantar borracha ou índios que têm deixado de ir para o garimpo para seguirem cultivando o pequi que eles vêm manipulando ao longo de séculos, dessas centenas de famílias que passam a ter uma vida digna, você percebe que pode existir um caminho e o quão importante é valorizar nossas raízes e pagar caro, sim, por esses produtos. Por mais gelato  de castanha-do-Pará e menos de pistache di Bronte. E que os antigos — e mais simples — inquilinos do Mercado de Pinheiros sobrevivam e passem a vender mais com a chegada deste novo público que é atraído por nomes como Alex Atala, Mocotó e Gonzales.

Mercado Municipal de PinheirosO Mercado Municipal de Pinheiros visto do primeiro andar. Os boxes do Instituto Atá ficam no térreo, descendo as escadas. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de PinheirosO maior dos quatro boxes, o dedicado aos biomas Amazônia e Mata Atlântica. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de PinheirosO maior dos quatro boxes, o dedicado aos biomas Amazônia e Mata Atlântica. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de PinheirosAlém dos alimentos, também é possível encontrar artesanatos produzidos pelas comunidades. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de Pinheiros; cerâmicas dos índios do XinguCerâmicas produzidas por índios do Xingu. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de PinheirosOferta de produtos nas prateleiras. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de Pinheiros; geleias de priprioca, tucupi, jambu e pimenta-de-cheiroGeleiras de priprioca, tucupi, jambu e pimenta-de-cheio no box dedicado à Amazônia e à Mata Atlântica. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de Pinheiros; pimenta BaniwaPimenta produzida pelos índios da tribo Baniwa. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de Pinheiros; Mocotó CaféO Mocoto Café faz parte do projeto do Instituto Atá e fica no primeiro andar. Imagem: Shoichi Iwashita

Instituto Atá no Mercado de Pinheiros; Mocotó CaféNa parede um mapa com todos os biomas brasileiros, para relembrar as aulas de geografia. Imagem: Shoichi Iwashita

Mercado Municipal de PinheirosO deck ao ar livre, que recebe mesas e cadeiras, foi construído em 2006 e faz parte do projeto de revitalização do Mercado de Pinheiros. Imagem: Shoichi Iwashita

Comedoria Gonzales, Mercado Municipal de PinheirosNo primeiro andar, também está a excelente Comedoria Gonzales. Imagem: Shoichi Iwashita

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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